10:30 descreva como sua cidade moldou quem você é

Não sou de onde moro agora, antes de tudo: não tenho uma cidade só. A insegurança nascia de lugares pequenos, olhos que achavam que me conheciam, hoje sou livre do desprazer de me entenderem ou saberem superficialmente quem eu sou, mas também não reconheço ninguém; a cidade é assim. Vivo na parte da manhã, ainda não aprendi a ser 24h, e descanso na madrugada. Aproveito a noite - pois é quando algo em mim se abre, mas me fecho rapidamente para descansar para o dia seguinte. Sinto que ninguém se parece comigo, mas basicamente, a cidade segue um ciclo diário coletivo - vez ou outra, eu finjo que não ouvi.

a cidade me proporcionou experiências únicas. comer cachorro quente no calçadão quando criança, andar de madrugada em pleno toque de recolher na adolescência, caminhar pela cidade sem rumo agora adulta.
quem vive a cidade também vivencia momentos únicos. mas, na verdade, o que muda pra cada um é a ordem que esses acontecimentos se dão e condicionam o resultado final.
nesse sentido, só sou o que sou porque comi aquele cachorro quente, porque andei de madrugada durante um toque de recolher, porque caminhei pela cidade sem rumo.

Me ajudou a fortalecer a dizer Não e me impor como profissional, defender meus posicionamentos por ser uma cidade preconceituosa e machista

Na verdade não me moldou, não tenho uma relação de pertencimento com Praia Grande. Nunca me reconheci muito por aqui.

Moldou meus desejos de permanecer nela por um bom tempo, enquanto eu ainda acreditava que o excesso de produtividade era essencial e agora molda meu desejo de sair dela, percebendo que a frieza dela não me cabe mais. Em contrapartida, me acostumou à diversidade, a valorizar o outro pelas diferenças e a vislumbrar possibilidades.

da cidade de onde eu sou - sou do interior de portugal (malveira-mafra), zona rural, onde lidava com a simplicidade de viver, com a valorização da tradição e da história dos costumes e das coisas - todas as pessoas se conhecem, tudo o que é consumido tem origem controlada ou porque é do quintal do vizinho ou porque é de uma região especial de portugal que produz determinado produto. posso concluir que o português valoriza muito suas origens e isso reflete na preservação do patrimônio, da cultura e até no espirito comunitário. esse é o lado bonito que trago comigo de forma crítica para o brasil e me faz não entender o encantamento do brasileiro por tudo o que é de fora, sem olhar pra dentro, para tanto que é tão único!

fiquei pensando que não falei da minha cidade, mas não consigo falar de cidade sem falar de pessoas e comunidade!

Recursos x Falta de alguns recursos. Paz, tranquilidade x necessidade de deslocamento.

É quase impossível não associar a cidade aos afetos e desafetos que temos pelos espaços. Bem como, não associar o que somos ao lugar que nascemos. Há uma linha que guia o sensível e o real, que entrecorta a trama das experiências e os percursos de cada destino, e que, consequentemente, tem como ponto de encontro as ruas da cidade que nasci, as emboladas de coco no Calçadão da Cardoso Vieira, as conversas que escuto quando passeio pelas Rua das Castanholas ou o forró que só sei dançar direito porque nasci aqui, há um ritmo que sai do pandeiro de Jackson, passeia pela minha memória e deságua na minha identidade. Na minha fala. No meu jeito de ser. Chico Science estava certo ao falar na música Passeio No Mundo Livre que: “Um passo à frente e você não está mais no mesmo lugar”. Estar em Campina Grande é nunca estar no mesmo lugar. É enxergar sempre espaços diferentes. Ocupados por pessoas diferentes a cada momento, mesmo sendo sendo elas as mesmas de sempre. É não ser a mesma de sempre. É aceitar que estou em uma constante mudança. É a cidade estar em uma constante mudança. E a gente se moldar a partir disso.

a cidade tem me moldado à heráclito: vejo o rio e me percebo outros

Aprendi a ser mais eu na medida em que conhecia SP. Saber que tem tanta gente morando aqui me fez perceber que nao precisava seguir padrão nenhum, poderia ser eu e fazer o que eu quiser graças a impessoalidade de SP.

A cidade que eu moro atualmente estabeleceu um envolvimento com a cidade, as melhorias, os problemas sociais, as pessoas que moram nela.
Aflorou a minha vontade de ajudar

Acordando cedo, sendo responsável e objetiva, respeitando as diferenças e as igualdades, assim, como é minha cidade, sou eu!

São Paulo me construiu cosmopolita. Mil mundos habitam em mim. A vontade de comer bem habita em mim. A noite paulistana me fez boêmio.

Em meio a 11 milhões de eus solitários a busca do encontro de si há de acontecer até o último dia da existência da minha experiência humana

Nasci na Zona Norte de São Paulo.
Fui adotado aos 18 meses de vida e cresci
na Vila Dalila, Vila Matilde, Zona Leste de São Paulo.
Estudei em Escola Pública e depois, na faculdade, fiz Ensino Superior, no caso, Senac.

Essa premissa é pra dizer que São Paulo, minha cidade, me ofereceu e oferece a possibilidade de referências como bons restaurantes, bons lugares para ouvir música e dançar, para ler um livro e para trabalhar também. Uma vez que sou Designer.

São Paulo oferece também o cansaço, o racismo, as linhas lotadas do metrô e de ônibus.
Para mim formou caráter e resiliência. Me ensinou — e ensina continuamente — a ficar ligeiro com tudo. É uma cidade violenta, muito mais quando se trata da Comunidade Preta.

Necro Política & Necro Polícia.

Atalhos, horários para se chegar em casa e outros detalhes de sobrevivência moldaram um jeito inteligente de rápidas correções de rota para sobreviver.

Atualmente moro no Brooklin.
Existe racismo na vizinhança, nos olhares nas ruas ao caminhar.
No entanto, o problema não é comigo.

Aliás, pergunta que sempre faço 'qual o problema que tenho?''
Nenhum, então São Paulo me moldou para que eu seja cada vez mais solidário, empático com escuta ativa e escuta profunda. Essa explosão de sabores, de amores, essa monta russa de concreto me ensinou — e ensina continuamente — a colaborar e não a competir. A ter postura de prontidão, de inclusão e não de exclusão.

Mais um detalhe.
Formar caráter em uma sociedade utilitarista quanto a paulistana é saber separar ambição de ganância.

Moldou não só trabalhei muito na Fac dando aula
Sou não mudável pois sou carioca sempre

Eu cresci em São Paulo, mas não essa do imaginário de concreto; eu cresci perto da Serra da Cantareira, e tinha que tomar cuidado para que macacos não roubassem meu lanche no intervalo do colégio. Aprendi a desconfiar desse é das coisas discursivo, quando descobri que não fazia parte da história do espaço em que vivia; e a necessidade de ser "tudo" isso ao invés de um traçado limitado.

Me apresentando suas contradições e a necessidade de me adaptar para viver com tranquilidade

Com sua praia e a brisa do mar, além de sempre ter um refúgio onde meus problemas desaparecem, minha terra sempre me proporcionou sonhar, ir mais longe. Hoje em dia sou um good vibes que sonha os maiores sonhos possíveis, com certeza, por conta dela.

O Rio de Janeiro tem portais. Cada esquina de cada bairro te leva à um mundo diferente. Andar pelos labirintos da cidade me fez atenta e forte, divina e maravilhosa, mas ansiosa, com síndrome do pânico e cansada também. Ninguém pode viver no Rio sem saber o que tá fazendo. Uma explosão de sentimentos iluminados e podres. Um belo contraste rs

itapê é uma cidade com o horizonte quase sempre à vista. a topografia e os caminhos sinuosos que acompanham os rios convidam à vivência do espaço público, e boa parte das minhas memórias de infância passa por esses percursos abertos ou pela contemplação ativa do movimento que acontece em torno das praças e calçadas, uma paisagem na qual se esbarra. fachadas vivas, seja pelas cores ou pelas janelas térreas de cara pra rua. talvez isso tenha me levado ao interesse pela construção da cidade, somado à inquietaçao diante da perspectiva de destruição desse mesmo imaginário, que vem acompanhando o crescimento desordenado das cidades e o desencanto da vida adulta.

Natal tem cheiro de férias até para quem mora aqui, às vezes esqueço de olhar a praia, a Via Costeira e quando lembro, lembro também de um infância em pontos que são turísticos para os outros e para mim, memórias afetivas. Tive a sorte de ter pais que valorizam a história local e que me mostraram uma Natal além das praias, uma cultura que na maioria das vezes é dada como genérica, mas é tão rica que no dia a dia a gente só vive e não percebe o que é ser natalense. Natal me ensina como é bom apreciar o tempo com curtas distâncias, como chuva e sol é bom ao mesmo tempo e que a gente natalense, tem talento demais. E, acima de tudo, que o nordeste é o meu lugar. Escolher continuar aqui foi uma escolher de pertencimento.

Morei em duas cidades nos meus “anos de formação”, dos 0 aos 17 anos - depois fui pra Porto Alegre fazer faculdade. Ambas dessas cidades onde eu cresci são no interior: nasci em Curitibanos (SC) e com 9 anos me mudei pra Santa Rosa (RS), cidade natal dos meus pais e onde toda a família deles mora.

Apesar de 9 anos ser pouco olhando agora, eu já me considerava muito “enraizada” em Santa Catarina por toda minha vida ter acontecido lá até então. Aprendi o que é “calçada” com a faixa de cimento e pedrinhas minúsculas na frente da minha casa, aprendi o que é “praça” com a quadra de árvores e balanços a alguns metros de onde eu morava, aprendi a andar de bicicleta no estacionamento da agropecuária que cheirava a alho no terreno vizinho.

Todo o aprender a se relacionar e me localizar no mundo foi ali, então quando tive que me mudar pro RS me senti deslocada - na minha cabeça era como se o “ponto de origem” daqueles gráficos matemáticos em X e Y estivesse desequilibrado. E pela cultura gaúcha ser muito expressiva - tanto no tático quanto no intangível - isso acentuou ainda mais esse senso de não pertencimento.

Queria voltar, tinha dificuldade pra me relacionar com os colegas que falavam com sotaque e palavras diferentes. Eu fazia questão de mostrar que era “barriga verde” (como chamam os catarinenses aqui) ao me recusar a cantar o hino do RS na escola, ou negar me vestir de prenda na Semana Farroupilha. Criticava as músicas tradicionalistas que meu vô ouvia com orgulho só pra fazer birra.

Em alguns momentos nos anos seguintes, voltei pra minha cidade natal pra visitar amigos e - pá! - ironicamente, agora eu também não pertencia lá. Meu sotaque tinha se transformado, havia outra família morando na minha casa (que pintaram de outra cor), lugares de que eu lembrava já não existiam. Meus amigos tinham novos colegas, eu era a “gaúcha”. Voltava pro RS e era a “catarina”.

Apesar de ser acentuada com a dramaticidade da pré-adolescência e hoje eu ver que talvez não fosse algo tão problemático quanto eu lembro, essa mudança entre estados próximos mas antagônicos (existe uma certa rivalidade, principalmente do RS em relação a SC) teve um impacto na forma como eu cresci com essa sensação de estar sempre deslocada, em deslocamento.

Só depois, quando fui pra capital estudar, é que vi que as duas cidades onde cresci eram muito parecidas. A cultura interiorana - tomar mate com cadeira de praia na calçada, brincar na rua, cumprimentar todo mundo, conhecer as pessoas mais pelo coletivo de suas famílias do que pelo individual, tomar banho de rio, conhecer tudo que é bicho - é o que considero de mais precioso no meu processo de crescer.

Minha cidade me moldou pq ela é a materialização do tempo que eu percorro todos os dias

percorria* (corrigindo devido a pandemia)

crescer em uma cidade sem centro me ensinou sobre perspectiva.
a cartografia de são paulo muda conforme o olhar, mapa dinâmico que nunca coincide. cada corpo produz sua própria cidade e mora nela. às vezes, finjo que o homem ao meu lado no ônibus me faz companhia, sorrio para os outros passageiros de fone de ouvido que escutam a mesma música que eu, me esforço muito para tentar sentir que todas as pessoas que fazem o
mesmo caminho que eu todos os dias, na verdade, caminham comigo. no entanto, sei que nunca chegamos a um lugar comum. eu sou o centro da minha cidade, a moça ao lado, da dela, e nenhuma das duas consta no mapa da outra. nós, habitantes, peças, centros-ambulantes, vivemos dos fragmentos de um todo que nunca foi inteiro. em que todo lugar pode ser um ponto de partida ou um ponto final.

Graças as oportunidades que a cidade me propiciou, tive acesso a cultura e arte desde bem pequena,apesar disso o espaço urbano sendo mulher me faz sempre planejar e repensar a forma, locais e horários e molda como me visto, desloco e me comporto.

Belo Horizonte fez com que eu me apaixonasse pela cultura local enraizada em todo mineiro. Pelos museus e por imaginar e sonhar com tempos que eu não vivi. BH me desperta uma nostalgia por que é a conjunção perfeita da história do passado com a contemporaneidade, mantendo a memória sempre viva e um orgulho permanente.

minha cidade me obriga a usar transporte individual pois é ineficaz nos transportes publicos e mobilidade de pedestres e ciclistas. é uma cidade muito espalhada, sem conectividade urbana... tambem nao me deu a oportunidade de vivencia de espaços publicos, por essas caracteristicas

A cidade me tornou alguém de mente aberta, receptiva a todos os assuntos. Uma pessoa curiosa e intrigada.

profundo, mas posso dizer que o contexto molda o indivíduo e viver em Curitiba me moldou.

andar de ônibus quase todos os dias desde a minha infância, pegando sempre o mesmo ônibus, parando no memso terminal, depois indo para o centro, ou atravessando a cidade. me ajudou a observar onde eu estava e pra onde eu ia. percebi que morava na periferia observando pela janela do ônibus como a cidade mudava ao longo do caminho. e, mais tarde, percebi onde eu tava na sociedade.

conviver com as pessoas daqui me influenciou a manter uma distância confortável nas minhas relações. como se as bolhas individuais nunca se fundissem em uma, ou grudassem por instantes. sem muito contato no geral, mas com profundidade nas poucas amizades.

curitiba é uma lente pra eu analisar outras cidades e realidades. meu ponto de referência pra analisar as dinâmicas urbanas e sociais. meu primeiro molde.

A cidade me deixou mais intimista, mais voltada para mim mesma. A utilizo diversas vezes como forma de me observar. Olhar para fora me faz sentir mais o dentro. E assim, fui me refugiando em lugares específicos que me trazem essa sensação com mais intensidade. Os vazios dos ônibus em horários específicos, desenhos de ruas, espaços públicos culturais e cafeterias.
A cidade é a fonte inesgotável de reflexões, muito mais do que um pano de fundo. Esse espaço perene, efêmero, de metamorfoses intensas, ele sempre muda suas impressões, mesmo daquilo que você conhece tão bem.
E os reflexos disso no intimismo são de natureza similar: díspares

São Paulo me deixa em constante clima de alerta e medo. Os barulhos minaram minha concentração:

Agora estou na Ilhabela. Mas minha cidade natal, São Paulo. Me fez ser cosmopolita, amar cultura, exposições, shows, música! Poder viajar e conhecer vários lugares diferentes! Ter ambição! Ser ousada!

me tornou mais apressada e mais estressada. me trouxe cultura, sentimento de agor e olhares contemplativos. aguçou sentidos que não sabia que eu tinha e me amadureceu.

Gotham City? (A Grande SP)
me criou atenta, desconfiada, sem tempo irmão, sufocada.
me criou cinza, apertada, sem norte, angustiada.

mas também me criou em movimento, valorizando cada ponto de verde e o tempo.
me criou entre cultura e arte, disponíveis em qualquer parte.
me criou assim, com uma enorme vontade de sair, mas é aquela vontade especial que só tem quem é daqui.

Assim como São Paulo é uma cidade mutável, minha personalidade é bem parecida, o que me tornei e como me enxergo como pessoa. As milhares de possibilidades que existem nesse lugar, a vida pra mim é boa quando sacode. E São Paulo tem esse poder de te fazer sentir um “peso morto” nessa multidão, mesmo que você esteja em “movimento” todos os dias. Lembro que na adolescência me tornei uma pessoa com picos de ansiedade e timidez extremos. Quando adulta fui lida como uma pessoa instável e espalhafatosa ou como minha professora de Produção Cultural disse: você as vezes se perde no caminho mas coloca seu coração. Mas coração não pagas as contas e não ganha nota. Toda essa bagunça de uma criança inicialmente extrovertida. Me tornei pacífica pra lidar com tudo da melhor forma possível morando/vivendo aqui. São Paulo faz eu querer percorrer um caminho alegre, sereno e paciente. Mesmo que tudo isso pareça utopia acordando todos os dias no meio dessa cidade-caos.

Quando me perguntam quem eu sou a primeira coisa que me vem a cabeça é dizer qual a minha profissão. Acho que isso acontece por eu ser de São Paulo.

Quando eu voltei para El Dorado
Não sei se antes ou depois
Quando eu vi a paisagem mutável
A natureza
A mesma gente perdida em sua infinita grandeza

Já trazia uma voz de amargura dos encontros perdidos

E outra vez me perdia no fundo dos meus sentidos

Eu não acreditava em sonhos, em mais nada
Apenas a carne me ardia
( Pedaço da música Gasolina - Teto Preto)
Descreve em todos os sentidos, essa pergunta.

11 - o caos das ruas, com gente nos bares, na calçada da praia, ou quiosque me fez ser uma pessoa que gosta de gente, e movimento.

A beleza natural do Rio tb me inspira todo dia, criando um olhar de contemplação pela janela.

tem que selar os chackras antes de sair de casa pq tem perigo a cada esquina e só com muita fé pra viver aqui

mas também tem muita gente diferente que me faz ver beleza na diversidade e no incomum

no fim do dia é tudo concreto e asfalto mas o pedacinho de céu que se vê ganha mais valor

são paulo me faz ser mais materialista mas valor o imaterial quando não estou aqui

ré de anzol
apanhando os sentidos
do tempo das abelhas em cacho
de plantas postiças descendo a ladeira
de faixas e mais faixas e mais faixas de chão

Me mudei de cidade há pouco tempo, moro na área rural e a proximidade com a natureza tem me dado oportunidade de estar mais relaxada e desacelerar

meus deslocamentos do extremo sul ao centro me fizeram ser atenta, observadora e criativa

As referências que a cidade te empurra, mesmo que você fuja, é enorme. Agente de destaque em escala global, São Paulo abre a cabeça de todos.
Vim de uma cidade de 70 mil habitantes para uma de 10 milhões, as proporções de tudo muda, a dinâmica é completamente anárquica.

Por ser tão grande e diversa a cidade me tornou curioso, sinto que todos os dias tento de alguma forma entender essa loucura cosmopolita.

sempre correndo e sem tempo, mas apaixonada por arte e pela diversidade

Sempre estive muito em contato com a cidade em si, seus caminhos, a ampla diversidade de cores, sons, estruturas - isso me influenciou e construiu em diversos aspectos - mas o principal deles é estar atenta aquilo que a vida me oferece, sem ela nem perceber.

Sou recém chegada em Santos, mas certamente já influenciou minha firma de ser. Me trouxe o privilégio da contemplação e da vida de desapego. Da minha antiga vida, da minha família ( pais, irmãos e amigos). Além da possibilidade de viver a simplicidade. Substituir os bares pela praia, o carro, pela bicicleta. O mercado pela feira. Me deu coragem e me traz muita felicidade.

A cidade litorânea sempre tira algo peculiar dos seus moradores. Eu ando como se estivesse andando na beira do mar, com calma e paciência, não consigo acompanhar por muito tempo as cidades grandes com ritmo intenso, em algum momento eu sempre vou procurar o mar .

Por nascer em uma comunidade de média-baixa renda - a cidade informal - acredito que ela tenha me preparado para alguns desafios sociais e me deu a visão do quanto a cidade é desigual e o quanto de oportunidades como ser humano encontramos nessas convivências em comunidade.
Se hoje consigo ter uma crítica sobre a cidade com certeza foi por essa vivência.

sou nômade. de muitas cidades. mas aqui é onde estacionou a nave mãe há mais de 20 anos. é aquele lugar de referência, que acolhe não apenas o núcleo duro familiar, mas amigas e amigos da infância. porto seguro estrutural e afetivo.

a cidade que vivo me ajudou a moldar quem sou, pois foi aqui que descobri o que gosto de fazer. vim fazer faculdade e nesse processo conheci diversos movimentos culturais e sociais, tive vivências que expandiram a formação universitária e conheci amigos que quero sempre por perto. aulas teóricas, aulas práticas, filmes, maracatu, horta, circo, dança, coletivos de arte, festivais, tudo isso me formou não só como profissional, mas como pessoa. descobri novos brasis, novas alternativas para a sociedade, para o meu corpo e outros jeitos de olhar a vida!

Por morar em uma cidade relativamente pequena, a maioria das minhas atividades faço a pé e essa cultura do caminhar faz parte de mim desde sempre. Levo essa convicção para onde for.
Seja na cidade de sp ou para outro país. Caminhar é mais que um meio de locomoção, é um ato de resistência.

Cidade com longas ladeiras pede que o corpo descubra suas vitaminas para ter força para seguir. Pede que as pausas para recuperar o folêgo sejam respeitadas e valorizadas. A chegada celebrada. E na volta, na descida da ladeira, de bicicleta, a cidade pede entrega e confiança quando as mãos se soltam do guidão
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Entre subidas e descidas há um meio. Um encontro. Um suspiro. Uma paisagem que desperta contemplação.
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A cidade me deu olhos de observar sanhaços. Fincou meu corpo na terra.

Gosto do mato mas a cidade também tem seus encantos.
A incansável busca pelo sol nas brechas
A sombra do manjericão no quintal de concreto
O carro do "caqui docinho por apenas dez reais mas traga a sua bacia"
A surpresa de topar com um sanhanço numa esquina.
A cidade e seus barulhos e seus movimentos e seus cheiros
Me revela sujeito feito de fitar naturezas.
Depois de um ano morando na roça
Com abundância de sol
Sombra de copas
Fruta do pé
Pássaro passeando livre pela cozinha.
É na cidade que me asseguro de mim

Mudei recentemente para Santos. E foi a melhor decisão da minha vida, sou mais otimista e disposta, tudo que não era em São Paulo

A cidade onde cresci e morei até os 23 moldou muito o meu ritmo de vida.
Por não ser muito grande, nem muito pequena, sempre foi possível fazer as atividades rotineiras com uma certa tranquilidade e sem necessidade de me deslocar para outras cidades da região. Isso também me permitiu aproveitar muitos momentos a pé e observar o espaço ao redor, já que não havia taaanta pressa para ir de um lugar ao outro.

Ela também é uma cidade planejada, por isso seus espaços são (em partes) muito agradáveis ao olhar e à convivência, o que faz muito bem pra gente. Entender isso me fez perceber que é muito importante dar valor não só ao nosso lar, mas aos outros espaços, públicos/de convivência/compartilhados.

impondo um ritmo acelerado, cobrando solução rápida de dificuldades, trazendo um certo distanciamento das pessoas e brotando muito apego e amor por ela