a cidade que vivo me ajudou a moldar quem sou, pois foi aqui que descobri o que gosto de fazer. vim fazer faculdade e nesse processo conheci diversos movimentos culturais e sociais, tive vivências que expandiram a formação universitária e conheci amigos que quero sempre por perto. aulas teóricas, aulas práticas, filmes, maracatu, horta, circo, dança, coletivos de arte, festivais, tudo isso me formou não só como profissional, mas como pessoa. descobri novos brasis, novas alternativas para a sociedade, para o meu corpo e outros jeitos de olhar a vida!
meus vizinhos são pessoas
pais e mães e avós
de um lado ouço o filho jogar videogame todo dia
de outro, os gritos da netinha que deve alegrar o jardim gigante do casal
na frente, vejo um fusquinha e o cachorro que sai pra passear
quase todos os dias
mas é a noite que percebo
a algazarra da família de mamíferos
que, neste outono frio, está morando no nosso telhado
o chão que estou pisando é frio, de azulejos antigos, amarelos e azuis, e formam alguns padrões geométricos
a musiquinha do carro de gás foi algo que me marcou muito, chamou minha atenção porque na minha cidade de origem não tinha isso, mas também pela melancolia da época, tinha acabado de me mudar e sentia muita saudade de casa.. sempre que ouço o carro do gás lembro desse momento de transição e de alguma forma isso faz parte da minha memória afetiva!