Cabeças livres e pensamentos aprosionados.
Não sou de onde moro agora, antes de tudo: não tenho uma cidade só. A insegurança nascia de lugares pequenos, olhos que achavam que me conheciam, hoje sou livre do desprazer de me entenderem ou saberem superficialmente quem eu sou, mas também não reconheço ninguém; a cidade é assim. Vivo na parte da manhã, ainda não aprendi a ser 24h, e descanso na madrugada. Aproveito a noite - pois é quando algo em mim se abre, mas me fecho rapidamente para descansar para o dia seguinte. Sinto que ninguém se parece comigo, mas basicamente, a cidade segue um ciclo diário coletivo - vez ou outra, eu finjo que não ouvi.
Meu chão é cheiro de buracos, dúvidas e saudade. Carrega o cheiro e os objetos da minha cadela que faleceu.
Não sei. Desde que peguei Covid (já faz quase 6 meses) já não sinto cheiro de nada.
- minha professora
- ruídos da aula online
- panelas
- motos
- música (mas não sei qual é)
- garfos batendo nos pratos
- teclado
Ter conhecido meu namorado enquanto eu me redescobria como pessoa e profissional. Lembro de uma oficina sobre o caos enquanto eu ainda estudava Artes Cênicas que foi extremamente importante para o meu crescimento.