Belo Horizonte, MG

Roça Grande, uma cidade que era arraial e cresceu.

Proximidade, tudo é perto; logo ali. todas pessoas se conhecem e sempre dizem: Beagá é um ovo.

Belo Horizonte fez com que eu me apaixonasse pela cultura local enraizada em todo mineiro. Pelos museus e por imaginar e sonhar com tempos que eu não vivi. BH me desperta uma nostalgia por que é a conjunção perfeita da história do passado com a contemporaneidade, mantendo a memória sempre viva e um orgulho permanente.

Me mudei para o apartamento 102 no início do ano passado. Com o constante convívio dentro do prédio, acabei me aproximando mais dos vizinhos.

Virgínia é a síndica. No auge dos seus 60 anos sempre passa aqui em casa e me chama para bater panelas, gritar contra o governo. Qualquer notícia nova, assuntos de novela ou big brother ela arruma um jeito de vir conversar comigo.

Dona Lucia, uma senhora de 80 e poucos anos mora em cima. Vem sempre me pedir para ajudar usar o celular. Em troca me fornece doces. Todo dia ficava da varanda falando que está esperando a vacina.

Temos um grupo de WhatsApp para compartilharmos informações. Sempre quando alguém sente o cheiro de queimado ou preparou um bolo envia no grupo.

Ano passado o pé de mexerica do jardim deu frutos. O grupo serve para compartilhar também um pouco de esperança.

Moto passando, armário abrindo, pessoas conversando, alarme do portão do prédio, os passos da minha avó vindo em minha direção

Nesse momento decidi lavar as louças para cozinhar algo para me alimentar. Enquanto ouço o barulho da água, os talhes se esbarrando e a comida fervendo no fogão, decidi colocar em dia os episódios de podcasts que não escutei no intervalo de férias. Escuto Prato Cheio, de Joio e o Trigo.

Vez ou outra algum barulho na área externa dos carros passando ou o som da tevê passando jornal no andar de cima.

-minha mae conversando com a moça que esta cuidando da minha vó no hospital
-algumas batidas no chão da minha vizinha de cima
-a filha da vizinha do 3o andar conversando
-um cachorro latindo ao longe
-a vizinha do prédio ao lado conversando

Ônibus
Pessoas
Sacolas
Caixa de supermercado
Motos
Carros

escapei do desenho com representação no maps. hoje a distância foi longa para conseguir reapresentar, haha

Beagá é uma cidade que tem sempre crescido. Nasci aqui e assim como a cidade, eu também tenho crescido muito por aqui.

Hoje, uma sexta feira, minha memória afetiva é sentar em um bar. Jogar litros de cerveja para dentro enquanto se fala da vida lá fora.

O carnaval também fica na memória nesses tempos. A música, o calor e a chuva ao subir as ladeiras em diversas fantasias.

Correr pela cidade em grupo. Outra memória mais recente e que sinto falta. Escutar os sons, sentir o calor de um mar de gente percorrendo e redescobrindo novas rotas na cidade.

São memórias e desejos futuros.